
A juíza Thaís de Almeida conduziu a palestra Saúde Mental no Trabalho, realizada na noite de quarta-feira (10), no Auditório do Campus Centro da Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG). Egressa do curso de Direito da instituição e juíza do Tribunal Regional do Trabalho (TRT) da 23ª Região, Thaís falou sobre Saúde Mental no Trabalho: entre os riscos psicossociais e o nexo da causalidade, tema recém defendido em seu Doutorado em Direito do Trabalho e Previdência Social pela Universidade de São Paulo (USP).
O evento foi organizado pelo Colegiado de Psicologia, em parceria com o Sindicato dos Bancários, e propôs uma reflexão sobre a relação do ser humano com o trabalho, a partir de um debate interdisciplinar que envolve perspectivas do Direito, Psicologia e Sociologia. “O número de adoecimentos advindos do trabalho vem aumentando exponencialmente nos últimos anos. Precisamos investigar que tipo de relação se estabelece entre o trabalho e as pessoas e como é possível proteger juridicamente a saúde do trabalhador”, defende a juíza. Ela aponta a importância de esclarecer o que se deve ou não ser aceito na relação entre trabalhador e empregador para evitar que a atividade laboral se torne algo nocivo a saúde.
A avaliação da juíza é de que o Direito precisa reavaliar algumas práticas quando o assunto é adoecimento no trabalho. “Quando acontecem esses casos, existe uma lógica de responsabilização do indivíduo. Pensam que ele não fez mindfullness, que ele não meditou, ou que, de certa forma, o problema estava nele. Pouco se olha para o ambiente de trabalho para entender o que isso causou para a pessoa chegar a esse ponto”. De acordo com a juíza, existe uma série de fatores do trabalho, como precarização, falta de reconhecimento e metas irreais, que podem contribuir para o adoecimento.
Para o Coordenador do Colegiado de Psicologia da UEPG, professor Oriomar Skalinski Junior, o tema é urgente e precisa ser debatido. “Os dados de saúde pública, os índices de afastamento previdenciário e os relatos clínicos convergem em apontar que há uma verdadeira epidemia silenciosa de sofrimento mental derivada da organização social do trabalho”, explica o professor. Dados de 2024 mostram que o Brasil registrou mais de 470 mil afastamentos do trabalho por transtornos mentais, de acordo com o Ministério da Previdência Social.
Esse foi o quarto evento acadêmico produzido pelo Curso de Psicologia, que iniciou suas atividades neste ano. Antes da palestra, o público contou com apresentações culturais, com poesia e música. Além do curso de Psicologia, o evento reuniu acadêmicos e professores de Direito, Serviço Social e outros cursos, além de representantes da comunidade, como profissionais do setor bancário.
A proposta destes encontros é criar debates que permitam a criação de uma cultura psicológica dentro da Universidade. “O curso é concorrido, mas a política de cotas possibilita um acesso bastante democrático. O curso de Psicologia está aí para fomentar essa cultura, formar estudantes e promover o conhecimento para a comunidade como um todo”, finaliza o professor Oriomar. (Fonte: UEPG)
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