
Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região pede reintegração após demissões no Itaú Unibanco e fala em dano moral coletivo; banco diz que avaliou quatro meses de monitoramento (Por Jayanne Rodrigues)O Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região anunciou que vai entrar com uma ação coletiva contra o Itaú após as demissões em massa realizadas pelo banco nesta semana. Segundo a presidente do sindicato, Neiva Ribeiro, cerca de mil trabalhadores foram desligados sob a justificativa de baixa produtividade. O banco ainda não foi oficialmente notificado sobre a ação coletiva.
Relatos colhidos em plenária virtual nesta quinta-feira, 11, com funcionários demitidos apontam que os colaboradores desligados não sabiam que estavam sendo monitorados nem tiveram acesso aos critérios usados para medir o desempenho. O banco, no entanto, diz que o monitoramento está “expressamente previsto em políticas internas assinadas por seus colaboradores”.
“Eles criaram metas que só eles sabem”, rebateu a presidente do sindicato. Um dos colaboradores demitidos havia sido premiado recentemente por alto desempenho e afirmou que “não sabe se errou ontem ou só entrou no bolo”, aponta Ribeiro.
A dirigente sindical também contesta as informações divulgadas pelo banco e diz que a empresa está “colocando a culpa nos trabalhadores” para justificar a decisão e alega que não houve diálogo prévio com o sindicato.
O sindicato anunciou que ingressará com uma ação coletiva para tentar a reintegração dos demitidos e de que o banco não procurou a entidade antes da demissão. “Eles não conversaram com o sindicato na mesa de negociação, então vamos para a esfera judicial”.
Sindicato contesta comunicado do ItaúEm nota, o Itaú argumenta que os casos de baixa produtividade foram analisados por quatro meses e representam um “desvio de comportamento” e de que a média geral de atividade digital do banco em home office, considerada adequada, é de cerca de 75%. Alguns casos mais críticos dos trabalhadores demitidos tinham 20% de atividade, segundo o banco. Hoje, 60% do quadro de colaboradores trabalha em formato híbrido ou totalmente remoto, informa o comunicado.
O sindicato, no entanto, contesta os números e diz que “as informações não batem”. Segundo a presidente, há relatos de trabalhadores contratados para atuar no modelo home office, mas que foram desligados no regime presencial.
A entidade sindical cita o caso de um funcionário que estava há seis meses no banco, havia recebido elogios da chefia e seria promovido em breve. De uma amostragem de 387 desligados que participaram da plenária nesta quinta, pelo menos 85 afirmam ter recebido bonificações por alto desempenho individual, de acordo com o sindicato.
“Não houve feedback prévio, ninguém sabia que estava sendo avaliado por esse sistema. Não sabemos nada dessas ferramentas, estamos no escuro”, reforça Ribeiro, acrescentando que as avaliações e os feedbacks recebidos anteriormente não condizem com o argumento do banco. Ela mencionou profissionais de áreas como arquitetura de tecnologia, empréstimos e governança entre os demitidos.
Para a dirigente, a justificativa do banco “não convence” e expõe os trabalhadores à opinião pública como “se fossem ociosos ou estivessem enganando o banco”. “Talvez existam alguns casos, mas o Itaú escolheu essa justificativa para fazer uma demissão em massa”, afirmou.
Ainda segundo Ribeiro, a base de São Paulo foi a mais afetada e a entidade também cita dano moral coletivo. “Foi uma avaliação questionável”, diz a presidente do sindicato. (Fonte: Estadão)
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