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Sindicato dos Bancários de Ponta Grossa e Região

Banco Central mantém juros em 15% ao ano apesar de deflação em agosto

18/09/2025
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Apesar da deflação de 0,11% em agosto, o Copom (Comitê de Política Monetária do Banco Central) decidiu manter a taxa básica de juros da economia brasileira, a Selic, em 15% ao ano, a mais alta desde julho de 2006. Os juros elevados controlam a inflação porque mantêm cara a concessão de crédito, desestimulando o consumo da população e os investimentos das empresas. (Por Wanderley Preite Sobrinho) - foro divulgação -

O que aconteceu
A taxa foi mantida pela segunda vez consecutiva. Após sete altas seguidas, o Copom deixou inalterada a Selic em 15% ao ano na reunião de julho. Agora, repete a decisão, mantendo a taxa no nível mais elevado desde julho de 2006, quando ela chegou a 15,25% ao ano.

Copom atribuiu parte da decisão à "conjuntura" e da "política econômica" nos Estados Unidos, considera "incerta". "Tal cenário exige particular cautela por parte de países emergentes em ambiente marcado por tensão geopolítica", diz em nota o BC. Hoje, o Banco Central americano, o Fed (Federal Reserve) reduziu a taxa de juros em razão do aumento do desemprego.

Sobre o Brasil, o Comitê considerou a economia ainda aquecida. "Os indicadores de atividade econômica segue apresentando, conforme esperado, certa moderação no crescimento, mas o mercado de trabalho ainda mostra dinamismo", afirma. "Nas divulgações mais recentes, a inflação cheia e as medidas subjacentes mantiveram-se acima da meta."

"As expectativas de inflação para 2025 e 2026 apuradas pela pesquisa Focus [com especialistas consultados pelo BC] permanecem em valores acima da meta, em 4,8% e 4,3%, respectivamente."
Copom, em nota

O comitê também mencionou o controle de gastos pela União, mas sem entrar em detalhes. "[O Copom] segue acompanhando [...] como os desenvolvimentos da política fiscal impactam a política monetária e os ativos financeiros", afirma.

O comunicado também cita o tarifaço dos EUA contra o Brasil. "O Comitê segue acompanhando os anúncios referentes à imposição de tarifas comerciais pelos EUA ao Brasil", diz.

O Copom vai analisar os resultados da manutenção da Selic em 15% para decidir se volta a mexer nos juros. "E então avaliar se o nível corrente da taxa de juros, considerando a sua manutenção por período bastante prolongado, é suficiente para assegurar a convergência da inflação à meta."

A expectativa dos especialistas consultados pelo BC é que a Selic se mantenha nesse patamar até o final do ano. "Projetamos que os juros só comecem a cair no início de 2026", diz análise do Departamento de Pesquisa Econômica do banco Daycoval.

Até o fim de 2026, a Selic deve cair a 12,38%, segundo a mesma consulta, compilada no Boletim Focus. Em 2027, a previsão é de que ela chegue a 10,5%, e, em 2028, a 10%.

Decisão foi unânime. Além de Gabriel Galípolo, presidente do BC, votaram os diretores: Nilton David (política monetária), Ailton de Aquino Santos (fiscalização), Izabela Correa (relacionamento institucional, cidadania e supervisão de conduta), Diogo Abry Guillen (política econômica), Gilneu Vivan (regulação); Paulo Picchetti (assuntos internacionais e gestão de riscos corporativos), Renato Dias de Brito Gomes (organização do sistema financeiro) e Rodrigo Alves Teixeira (administração).

Inflação continua fora da meta

O mercado financeiro espera agora que a inflação continue caindo. A aposta é que o IPCA (índice oficial de inflação no Brasil) termine 2025 em 4,82%. Para 2026, a projeção é 4,30%. Para 2027 e 2028 a previsão é de 3,90% e 3,70%, respectivamente.

A inflação de agosto teve deflação de 0,11%. Os preços já vinham perdendo fôlego. Embora tenham crescido em julho (0,26%), ela desacelerou em junho (0,24%) maio (0,26%), abril (0,44%) e março (0,56%). Nos 12 meses finalizados em agosto, o IPCA foi de 5,13%.

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A meta oficial da inflação no Brasil é de 3%. Com permissão para oscilar 1,5 ponto percentual para mais ou menos, o objetivo é cumprido quando o IPCA terminar o ano entre 1,5% e 4,5%.

Já o PIB, diz o boletim, deve terminar o ano com alta de 2,16%. Para 2026, a projeção é de 1,80%, menor que em 2027 (1,90%) e em 2028 (2%).

O que diz o mercado?
O BC manteve a Selic a fim de garantir as expectativas do mercado. "E sustentar o diferencial de juros em relação ao exterior", diz Sidney Lima, analista da Ouro Preto Investimentos, sobre a probabilidade de que investidores internacionais apostem na Bolsa de Valores brasileira diante da queda de juros nos Estados Unidos anunciada hoje.

O aumento da dívida pública também justifica a manutenção dos juros. "O presidete do BC, Gabriel Galípolo, já vinha sinalizando há bastante tempo que não há espaço para corte na área de juros, até porque nós temos os nossos problemas domésticos, o problema fiscal, os gastos que estão aumentando no setor público", diz Felipe Sant'Anna, especialista em investimentos da Axia Investing.

Selic a 15% "está fora de qualquer padrão civilizado". "Levando em conta a expectativa de inflação dos próximos 12 meses, são quase 10% de juros reais!", compara a presidente do Cofecon (Conselho Federal de Economia), Tania Cristina Teixeira. "Por isso, temos defendido que o combate à inflação não pode ser refém do rentismo."

A decisão sobre a Selic foi no mesmo dia em que o Fed cortou os juros nos EUA. O Federal Reserve (o banco central norte-americano) também reduziu os juros para a faixa de 4% e 4,25%.

Crédito mais caro
A Selic é a principal forma de conter os preços. A elevação dos juros torna mais cara a tomada de empréstimo, reduzindo o consumo e, consequentemente, a inflação. Por outro lado, seguidas altas podem enfraquecer o ritmo da economia, diminuindo a produção industrial e aumentando o desemprego.

Selic alta encarece principalmente a concessão de crédito e serviços financeiros. As taxas cobradas em empréstimos pessoais, financiamentos imobiliários e de veículos, além de linhas de crédito para empresas, ficam caras.

Investir em renda fixa, por outro lado, é bom negócio com a Selic alta. Investimentos remunerados pela taxa básica, como o Tesouro Selic, oferecerem retorno maior, enquanto a poupança perde ainda mais competitividade. (Fonte: UOL)

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