Em nota, entidade critica ‘resistência em enfrentar contrapontos em um debate mais aberto’; o Nubank reage dizendo que não pretende ‘ficar respondendo a ataques’ (Por André Marinho) - foto divulgação - Em um novo capítulo da guerra de narrativas no setor, a Federação Brasileira de Bancos (Febraban) subiu o tom ao rebater argumentos do CEO e fundador do Nubank, David Vélez, sobre concentração bancária. Na semana passada, em publicação no LinkedIn, Vélez havia alegado que a fintech paga mais impostos do que grandes rivais e seria responsável por fomentar a inclusão financeira.
Em nota divulgada nesta quinta-feira, 4 — e obtida em primeira mão pelo Estadão/Broadcast —, a entidade diz que a opção do Nubank de usar as redes sociais e canais próprios sugere uma resistência em enfrentar contrapontos em um debate mais aberto. “David Vélez apresenta o Nubank como ‘campeão de inclusão financeira’ e ‘campeão de pagador de impostos’. Porém, há realidades que precisam ser enfrentadas e temos vários questionamentos”, afirma, ao classificar a postagem como “totalmente enviesada”.
O Nubank, em nota divulgada à noite, diz que não pretende “ficar respondendo a ataques” e que já apresentou sua posição e dados “baseados em sua trajetória de sucesso e na satisfação de mais de 110 milhões de clientes”. Acrescenta que prefere “focar a energia na oferta de melhores produtos e serviços financeiros no mercado”.
Entre as questões levantadas pela Febraban, a entidade questiona a afirmação de que 28 milhões de brasileiros abriram sua primeira conta na fintech e que 29 milhões tiveram o primeiro cartão de crédito na instituição. “Realmente, são números impactantes, mas inclusão financeira vai para muitíssimo além da só abertura de conta e da oferta de um produto”, critica.
A Febraban cita ainda uma série de dados que indicariam o Nubank como “campeão dos juros e da inadimplência”, com alta lucratividade. Entre eles, o índice de custo de crédito (ICC) soma 67,2% ao ano, mais do que o dobro dos três maiores bancos privados, de acordo com o comunicado.
A entidade diz que o Nubank tem participação de 3,4% no crédito pessoa física e de 2,2% na pessoa jurídica, além de inadimplência entre três e sete vezes superior ao dos maiores bancos privados.
Para a federação, os números denunciam um modelo de negócios que “minimiza investimentos em atendimento da população e maximiza operações de curto prazo e mais rentáveis”, baseado em carteiras de altíssimo risco.
A Febraban também considera que a fintech tem rentabilidade sustentada em elevados ganhos de spread (a diferença entre quanto paga e quanto cobra em crédito), concentração em linhas de maior juros e inadimplência.
“O Nubank prioriza operações de curtíssimo prazo e mais rentáveis, cobrando juros altos e aceitando inadimplência bem elevada, se aproveitando de assimetrias regulatórias e tributárias e da vantagem competitiva da ‘meia entrada’”, argumenta.
A entidade reforça a crítica com uma reflexão sobre se os dados, de fato, mostram uma defesa à inclusão financeira, “ou se revelariam que a fintech, que tem nome expresso de bank e porte de grande banco, na realidade, tem sido campeã de um modelo de assimetrias regulatórias, beneficiada por uma política da meia entrada”.
“David Vélez apresenta o Nubank como ‘campeão de inclusão financeira’ e ‘campeão de pagador de impostos’. Porém, há realidades que precisam ser enfrentadas e temos vários questionamentos”, afirmou, ao classificar a postagem como “totalmente enviesada”, escreveu a Febraban.
As notas ilustram a disputa de narrativas que se instalou sobre o setor nos últimos meses. Em outubro, a Febraban já havia divulgado estudo que concluía que a “alíquota efetiva” média de Imposto de Renda (IR) e Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL) dos quatro maiores bancos era maior que a das três maiores fintechs por causa da rentabilidade.
O Nubank, de sua parte, afirma ter trazido ao sistema financeiro um foco em inovação para atender a população desassistida. “Essa descentralização com modelo de negócio digital, eficiente e escalável trouxe ganhos revertidos para a sociedade”, ressaltou a fintech em um artigo recente, que cita estatísticas do Fundo Monetário Internacional (FMI) que mostram redução na taxa de juros para clientes no País. (Fonte: Estadão)
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